quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O que realmente sabemos?

Esta semana, surgiu uma notícia interessante. Um meteoro, o 2003QQ47, descoberto em 2003, poderá atingir a Terra no próximo mês de Março. A probabilidade de uma colisão é de 1 em 900.000, ou algo em torno de 0,0001%, segundo os astrônomos na NASA. Ano passado, a FEMA, que é a Federal Emergency Meanagement Agency, ou, Agência Federal para Gerenciamento de Emergência, fez compras de grandes quantidades de material, como rações emergenciais de comida, água, medicamentos e caixões.Por conta desse fato, muitos "teóricos da conspiração" previram o "fim do mundo" para Setembro ou Outubro de 2013. Claro que nada aconteceu. Mas, é óbvio que seria besteira pensar que uma agência como a FEMA faria uma compra grande dessas se algo não fosse acontecer. É possível que seja apenas reposição de estoque, pois até mesmo rações de emergência tem data de validade. Mas também é possível que os americanos saibam de algo que não sabemos. Talvez esse meteoro tenha uma chance muito maior de colisão com a Terra do que o divulgado. Ou talvez até nem tenha existido tal compra da FEMA.
Este é o problema. Com confiar nas informações que são divulgadas, se a mídia é claramente parcial? Sabe-se que os grandes grupos de comunicação, regionais, nacionais e mundiais, são controlados por grupos com forte poder econômico, e controlar a notícia é uma das maneiras de se manter este poder. Do outro lado, grupos independentes, como a mídia NINJA, bastante presentes nas manifestações ocorridas ano passado no Brasil, divulgam as notícias de tal maneira que parece existir uma grande "censura" e que só eles é que realmente divulgam a informação do que aconteceu realmente. Mas estes também querem fazer prevalecer a sua versão,  totalmente parcial dos fatos. E, no caso das possíveis ameaças que possam gerar cenários de crise, ainda existem grupos pseudocientíficos e religiosos que tentam fazer as pessoas acreditarem em suas visões fantasiosas e teorias conspiratórias sem nexo.
Acredita-se que os governos mundiais provavelmente não avisariam os seus povos sobre alguma catástrofe iminente para evitar que o caos tomasse conta da sociedade. E mais, tratariam de desacreditar qualquer pessoa que os contrariassem. Será mesmo? Se seria esta a posição de um governo como o dos EUA, porque a FEMA estaria se preparando para uma possível catástrofe? Não seria mais sensato não fazer nada e evitar chamar a atenção? Por outro lado, se tal catástrofe se abatesse sobre uma região localizada dos EUA, o despreparo do governo federal para auxiliar as pessoas poderia custar uma eleição mais tarde. Então, mesmo não alertando as pessoas sobre um possível meteoro ou qualquer outra coisa, melhor manter-se preparado, mesmo que a preparação possa chamar a atenção de alguém. Depois da tragédia, sempre-se pode inventar qualquer história para ocultar o fato de não avisar antecipadamente a população.
É complicado. Na era da informação, existem tantas notícias conflitantes, que fica realmente difícil de saber no que acreditar.
Respondendo então a pergunta que intitula este post, não sabemos, e não vamos saber de nada, até que seja impossível ocultar a verdade, seja ela qual for. O que nos resta a fazer é ficar sempre preparados.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Sobre política e crises

O que política e crises tem em comum?
Tudo.
Muitos dos problemas que podem desencadear uma crise de grandes proporções, seja ela energética, hídrica ou econômica são fruto da má gestão dos "representantes" do povo nas esferas federal, estadual e municipal.
A questão energética, por exemplo, é tão séria que muitas empresas que gostariam de se instalar no país não o fazem por não ter garantias de que haverá um suprimento de eletricidade em quantidade suficiente e com a confiabilidade adequada. Faltam investimentos governamentais tanto na geração quanto na distribuição de energia. Apagões tem sido comuns nos últimos anos, e só um milagre explica o fato de que neste verão (um dos mais quentes já registrados) ainda não tenha acontecido uma falha de grandes proporções.
O abastecimento de água está indo pelo mesmo caminho. Obras como a transposição das águas do rio São Francisco estão muito atrasadas. Não há investimentos em reservatórios e nem na distribuição e tratamento de água dignos de nota no país nos últimos 2 anos.
Portos, aeroportos, estradas e ferrovias estão em petição de miséria. Especialmente aqueles mais importantes para escoar as nossas exportações. Bilhões de reais são perdidos todos os anos por não haver agilidade na hora de exportar nossas commodities. Isto nos levará a crise econômica se nada for feito.
O dinheiro que está sendo gasto para passar a imagem de que o Brasil pode sediar grandes eventos, isto é, Copa e Olimpíadas, poderia fortalecer o país e protegê-lo, e a seus cidadãos, contra as crises que porventura possam aparecer. Mas, os políticos e seus conchavos e barganhas, com seus contratos superfaturados e licitações fraudulentas empurram o Brasil para o buraco.
Na verdade, do ponto de vista da saúde e segurança, o país já está no buraco. A polícia, mal aparelhada, mal treinada e mal formada, não só não protege o cidadão, como ainda o trata com truculência. E em relação aos hospitais, basta ligar a tv em qualquer noticiário para saber o quão caótico eles estão.
Se mesmo em países desenvolvidos, os mecanismos que mantêm a sociedade coesa já estão fragilizados, imagine num país em que o governo, através de seus políticos, age de forma tão irresponsável e inconsequente.
Portanto, manter-se preparado é necessário. Não se pode esperar muita coisa do futuro. Especialmente, se depender da classe política.

Desmistificando a bomba atômica

Todos conhecem o poder de uma bomba atômica. Ela pode destruir uma cidade inteira. Pode contaminar uma área com radioatividade por gerações. O pulso eletromagnético gerado por ela pode destruir equipamentos eletrônicos a uma grande distância. Mas existem muitos mitos sobre estas armas.
Outro dia vi, na série televisiva Lost um personagem carregando uma bomba atômica na mochila. Mais tarde, outro personagem a detona com um impacto de uma pedra. Nenhuma das situações é verossímil.

As bombas atômicas podem ser classificadas em dois tipos: Fusão e fissão. A primeira usa o que se chama de materiais fissionáveis, como o Urânio 235. A quebra desses átomos libera uma gigantesca quantidade de energia A outra usa basicamente átomos de hidrogênio para criar fusão atômica, que é o tipo de reação usado pelo Sol para produzir energia.
Esses dispositivos de destruição em massa possuem basicamente duas partes: O combustível nuclear e um ativador. Na bomba de fissão, o ativador é acionado por explosivos comuns, que fazem com que um emissor de nêutrons penetre no compartimento onde se encontra o Urânio 235, desencadeando o processo de fissão e detonando a bomba. Na de fusão, o ativador é uma bomba atômica de fissão.
A menor das bombas atômicas pesa várias centenas de quilos. Portanto, seria impossível alguém carregá-la nas costas. Sem falar que, mesmo desativada, a bomba emite uma alta dose de radiação, capaz de deixar quem permanece muito tempo próximo à ela gravemente doente.
Uma bomba atômica não pode ser jamais detonada por um impacto, a menos que este impacto acidentalmente detone o acionador. Já ouve casos de bombas atômicas que caíram acidentalmente de bombardeiros estratégicos russos e americanos e jamais ouve uma detonação por impacto. Então, uma pancada desferida por um ser humano jamais detonaria uma bomba.

Muitos se perguntam como ainda não houve um atentado à bomba atômica em uma grande cidade americana. Talvez este tipo de coisa até já tenha sido tentado. Mas uma bomba dessas é muito fácil de ser detectada, especialmente se o país em questão é paranoico em relação ao assunto, como os EUA. Como já foi dito, as bombas, mesmo desativadas, emitem uma quantidade muito grande de radiação, mesmo dentro de seus compartimentos selados. Contadores Geiger conseguem detectá-las muito facilmente. Mas, nenhum sistema de vigilância é perfeito, e um atentado assim é perfeitamente possível, embora improvável. Usar uma bomba dessas para destruir uma cidade poderia rapidamente se transformar uma crise que ameaçaria a humanidade. Os terroristas tem a noção de que certos tipos de atentados não trariam nenhum benefício para ninguém, nem para eles mesmos.

PS - Tenho pouca fé na humanidade, mas eu creio que usar uma bomba atômica é um ato tão burro, que mesmo os terroristas mais fanáticos não o fariam. Pois, todos sabem que, mesmo nos dias de hoje, tal ato poderia acabar por destruir a humanidade, e os terroristas não querem isso. Eles querem poder, querem fazer prevalecer no mundo o seu ponto de vista. Mas, posso estar enganado...

Sobre abrigos e cidades

Sempre que se pensa em refúgios para momentos de crise, a primeira ideia é um local afastado de grandes cidades, discreto, espaçoso, com uma área para plantar e criar animais e, até mesmo, gerar energia elétrica de forma alternativa. Infelizmente, são bem poucos os que podem ao menos pensar em algo assim. Hoje em dia, a maioria das pessoas mora em cidades. e do ponto de vista do sobrevivencialismo não é o local ideal para se estar. Mas muitos aspectos prendem as pessoas às grandes cidades. Trabalho e realização profissional, diversão, acesso a serviços que só existem por lá, como certas áreas da medicina, entre outros. Outro fator que faz com que muitos permaneçam nas cidades é a família. Várias pessoas não gostariam de ficar longe de pais, mães, filhos, irmãos.
Neste caso, o sobrevivencialista urbano deve se preparar de forma um pouco diferente em relação aquele que vive longe das cidades, ou que possui um refúgio para ir. Na cidade, a preparação deve levar em conta alguns fatores:

- A captação de recursos pode ser muito mais perigosa num cenário de crise. As ruas provavelmente estarão cheias de todo tipo de gente, dos desesperados até os assassinos e ladrões. Portanto, é ainda mais importante que se faça uma escolha correta dos itens da preparação, para evitar surpresas desagradáveis. A preparação deve ser feita de tal maneira que o sobrevivencialista possa ficar sem sair do abrigo por pelo menos três meses. Este seria uma boa quantidade de tempo para esperar "a poeira baixar" e pensar em que decisão tomar, de acordo com a situação.
- Em um cenário de crise, não só o fornecimento de água e energia será afetado, mas também o sistema de esgoto e a coleta de lixo. Deve-se, portanto manter o abrigo o mais limpo possível. Na preparação deve-se ter produtos de limpeza, como sabão em barra, papel higiênico, álcool, desinfetante, produto para desintegrar fezes, entre outros.
- Casas na cidade, mesmo nos dias de hoje, devem ser fortemente defendidas. É aconselhável o uso de barreiras físicas, como muros altos, com cercas de arame farpado, ou pelo menos grampos metálicos afiados, no seu topo. As portas e janelas devem ter grades de proteção, trancas e dobradiças reforçadas. Deve-se, na medida do possível, ter uma visão de todo o terreno.
- Em prédios de apartamentos na cidade, o ideal seria que os seus habitantes pudessem se unir para a defesa do local, usando medidas de defesa similares às das casas. Se não há essa consciência coletiva de defesa, os apartamentos, mesmo reforçados, ficam muito mais vulneráveis. Um grupo de invasores que conseguisse entrar no prédio, teria poucos problemas para invadir qualquer apartamento. Mesmo que um apartamento reforçado acabasse resistindo à invasão, o prédio inteiro poderia ser destruído por um incêndio por exemplo.

É muito difícil saber com que intensidade uma crise afetará uma cidade e sua população. Mas a preparação deve ser sempre pensada levando em conta o pior dos casos. Só assim ela será realmente eficiente.
Mantenha-se informado, atento e preparado. Sempre.



sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Contos Sobrevivencialistas - A Escapada

Sou sobrevivencialista. Mas, certa vez, ouvi uma frase que é a essência do que aconteceu comigo. O homem planeja, Deus ri. Eu costumava viver em uma grande cidade brasileira, mas, por perceber que a cidade grande é o pior lugar para se estar em cenários de crise, me mudei para uma propriedade afastada da cidade e cercada por matas, e, aos poucos fui construindo meu refúgio. Coloquei nele tudo o que achava que eu iria precisar, caso eu tivesse que ficar durante muito tempo. Consegui também um trabalho à distância, de modo que eu raramente precisava sair da região onde me encontrava. E, o mais importante, consegui convencer a minha companheira de que tal mudança iria fazer muito bem para a gente.
Um certo dia, porém, fui obrigado a ir à cidade grande. Tive alguns problemas relativos ao trabalho, que só poderiam ser solucionados pessoalmente. Resolvi ir de ônibus, pois carros em grandes cidades são muito mais uma fonte de aborrecimento do que de locomoção. Entre outras coisas, levei um transmissor de rádio, pois eu e minha mulher combinamos que depender só de celular poderia ser um risco ainda mais que, na região do refúgio, o sinal era, na melhor das hipóteses, muito fraco.
Fui, determinado à resolver tudo o mais rápido possível e logo voltar para casa. A distância entre a cidade grande e o refúgio era de uns 65km. O ônibus demorava um pouco mais de uma hora para cumprir o trajeto por causa do trânsito complicado nas cercanias da cidade. Mas, em dias e horários específicos, a viagem poderia durar até quatro horas.
Cheguei a cidade e resolvi tudo sem maiores percalços e, no começo de uma noite bastante quente, já estava começando a volta para casa. Mas, quando estava no metrô, indo para o terminal rodoviário, faltou energia. Num segundo, o vagão, lotado, estava claro como a luz do dia. No segundo seguinte, a escuridão caiu como uma bomba. Parecia que, por alguns momentos, eu tinha ficado cego. Mas, logo vi as telinhas dos celulares e tablets dos outros passageiros, assim como a fraquíssima luz de emergência do vagão. Aos poucos, o metrô foi diminuindo a velocidade, até parar. Muitos começaram a resmungar e reclamar. Nessas situações, a empresa que toma conta do metrô avisa que funcionários logo serão enviados às composições paradas para auxiliar e informar os passageiros. Como a energia acabou, o sistema de ar condicionado também parou, e a temperatura começou a subir, assim como a impaciência das pessoas, principalmente aqueles que estavam em pé, como eu. Mas, depois de uns quinze minutos, chegaram finalmente os funcionários. Eles abriram as portas, e, com lanternas, foram guiando as pessoas através dos túneis escuros até a estação. Lá chegando, vi que somente as luzes de emergência estavam funcionando. Conversando com outros passageiros, descobri que a falta de energia no metrô estava se tornando desagradavelmente comum, mas que nunca havia durado mais de cinco minutos. Sair do metrô e caminhar pelos trilhos era algo sem precedentes. Perguntei porque estes problemas não estavam sendo noticiados na imprensa. E disseram que, em ano de grandes eventos, coisas insignificantes como esta, deveriam ser empurradas para debaixo do tapete. Conversando mais um pouco, decidimos esperar a energia voltar. Para mim, o metrô era a melhor maneira de chegar ao terminal rodoviário. Então, surgiram comentários de que o problema de energia dessa vez não estava restrito ao metrô. Muitos estavam dizendo que a cidade estava totalmente sem energia elétrica, causada por sabotagem das redes de alta tensão. Traficantes de drogas, revoltados com os recentes envios de seus chefes para presídios federais, resolveram dar uma lição que a cidade e o governo jamais esqueceriam e dinamitaram várias torres e subestações de energia. O problema era seríssimo, e não seria solucionado tão cedo. Achei que alguém estava com a imaginação fértil demais, mas por outro lado, o 11 de Setembro assim pareceria delírio, até acontecer. Imediatamente tentei ligar para a minha esposa, mas não consegui. O sinal estava muito fraco. Tentei usar o radio, mas seria impossível transmitir alguma coisa embaixo da terra.
 Resolvi sair para a rua, para tentar contato com minha mulher via rádio e conferir se era realmente verdade essa história maluca. Ao chegar lá, vi que estava tudo muito escuro. As únicas luzes que existiam eram as dos faróis dos carros parados nos congestionamentos e das motos passando entre eles. Nas calçadas, muita gente andando, conversando, tentando entender o que estava acontecendo. Comecei a achar que a pane era realmente mais séria, mas me recusava ainda a acreditar em algo tão incrível quanto sabotagem. Novamente não consegui contato de rádio, pois como era uma área central da cidade, certamente os prédios estavam bloqueando o sinal. Tentei usar novamente o celular e novamente não consegui nada. Rede ocupada, dizia a mensagem de voz da operadora. Resolvi então procurar por um lugar mais alto. Vi um prédio comercial, que parecia ser o mais alto da região. Cheguei à portaria, expliquei a situação à um dos seguranças, e entendendo que não estávamos vivendo uma situação normal, deixou-me subir. Embora eu estivesse em boa forma, subir mais de 40 andares foi bastante difícil, especialmente porque havia muita gente descendo e estava escuro.Além disso, muita gente estava presa nos elevadores e como as equipes de resgate não chegavam, os próprios ocupantes do prédio tentavam tirar as pessoas de dentro deles. Luzes de emergência forneciam alguma iluminação, mas bem fraca. Ao chegar ao topo, finalmente consegui contato com minha esposa. Ela me disse que na tv e na internet não se falava de outra coisa. Que realmente foram atentados, que toda a cidade e cercanias estavam sem energia, e que, em face de tamanho acontecimento, as forças armadas estavam rumando para a cidade. Também me falou que todas as principais vias de acesso e de saída estavam bloqueadas por congestionamentos gigantescos. As pessoas, ao saberem da natureza terrorista do blecaute, ficaram em pânico e tentaram chegar em casa a todo custo.Acidentes de trânsito e mortes já haviam sido registrados. A polícia e os bombeiros estavam impedidos de agir, pois a maioria de seus agentes e veículos não tinham nem como sair dos quartéis, ou estavam presos nos congestionamentos.Os poucos que conseguiam se locomover o faziam porque estavam de moto. Em alguns locais, grupos de bandidos se aproveitaram da confusão e começaram a agir. Pessoas nos carros e nas ruas foram assaltadas, espancadas. Casas e prédios começaram a ser invadidos, depredados e, muitas vezes incendiados. Ainda segundo minha esposa, muitos analistas ficaram impressionados com a rapidez com que a cidade estava se desestruturando. Falei para ela então que iria tentar sair de lá a qualquer custo, e que entraria em contato em horários pré-determinados, para economizar a bateria do rádio. E que ela tentasse ficar tranquila se eu não cumprisse o horário, pois poderia estar em áreas nas quais a comunicação seria impossível. Nos despedimos e, antes de voltar para a rua, procurei analisar a situação. Tinha comigo alguma comida e água. Daria para não passar fome e sede por pelo menos um dia, racionando bem o consumo. Tinha também alguns itens que poderiam ser úteis, como fósforos, um mapa da região, canivete e lanterna, além de alguma quantia em dinheiro. Para voltar ao meu refúgio, teria que passar por áreas urbanas, densamente povoadas, até chegar à região das matas, a uns 30 km de onde eu estava. Pensei em esperar o dia amanhecer, para ter uma ideia melhor de como estaria a cidade. Imaginava que não seria difícil encontrar um local para dormir naquele prédio, ainda mais que os seguranças certamente estariam mais preocupados com suas famílias do que qualquer outra coisa. Mas, ao mesmo tempo, a cidade estava ficando mais perigosa a cada minuto.
Subitamente, tive uma ideia. Tinha alguma experiência com barcos e, poderia atravessar a maior parte da zona urbana pela água, e desembarcar quase na borda da região das matas. Não fazia ideia de como conseguir um, mas me pareceu muito menos perigoso do que atravessar quilômetros de uma região que estava totalmente instável. Estava a poucos quilômetros de um ancoradouro de barcos particulares, o que era bom. Mas ficava em direção totalmente oposta em relação ao local em que eu queria chegar. Resolvi partir imediatamente.
Ao voltar para a rua, muitas pessoas ainda estava dentro, ou junto de seus carros, na esperança de que a energia voltasse, apesar das notícias. Outros carros já tinham sido largados por seus donos. Havia também muita gente nas ruas, nas calçadas. As motos foram obrigadas a parar, pois não havia como passar entre os carros sem atropelas pessoas. Haviam grupos em torno de  pessoas que tinham rádios a pilha, ou celulares que recebiam transmissões de rádio. Muitos resolveram sentar no chão e compartilhar comida e bebida, a luz de velas e lanternas. Outros estavam preocupados com a família, com a falta de comunicações, sem saber que áreas teriam sido atingidas por violência. Era interessante como cada um agia de uma maneira numa situação tão fora do normal como esta. Uns totalmente calmos, e outros totalmente desesperados, mas a maioria num meio-termo, pelo menos por enquanto. Pelo que eu já tinha lido, a população iria perceber que a situação era realmente séria quando começasse a faltar água, quando os alimentos perecíveis começassem a estragar, quando o combustível e o gás começassem a faltar, quando ficasse difícil encontrar alguma coisa nos mercados. E, quando esse momento chegasse, eu gostaria de estar bem longe dali.
Comecei então a caminhar em direção à área onde havia ancoradouros. Quando me afastei do centro da cidade, a concentração de pessoas era menor. Mas a de carros nas pistas continuava quase a mesma. Resolvi acelerar o passo, pois qualquer um poderia ser alvo de pessoas ou grupos de pessoas com más intenções. Após algum tempo, consegui chegar à beira mar. Os navios ao longe eram as únicas estruturas iluminadas. Todo o resto estava escuro, a exceção das luzes dos carros e uns poucos pontos de luz, provavelmente casas e prédios com geradores. Continuei correndo e vi o que pareciam ser algumas confusões. Felizmente estavam relativamente distantes.
Depois de vários minutos correndo, alcancei o ancoradouro e, para minha surpresa, não havia ninguém.  E também não haviam barcos. Parece que muitas pessoas pensaram que sair da cidade pelo mar seria uma decisão correta. Continuei então a correr pois, mais a frente, ficavam os barcos dos pescadores e lá eu poderia ter alguma sorte. A medida que ia me aproximando, vi barcos, e vi pescadores reunidos, conversando. Quando cheguei, perguntei a eles o que achavam sobre tudo o que estava acontecendo e o que eles fariam. Eles me responderam que estavam decididos a esperar, pois achavam que o governo não seria tão incompetente para deixar a cidade sem energia por muito tempo. Afinal de contas, quando alguém grande perde dinheiro, logo as soluções aparecem. Perguntei então se algum deles me levaria para um pequeno passeio, e que estava disposto a pagar bem. Um deles aceitou a minha proposta e me pediu alguns minutos para preparar o barco.
Logo, estávamos navegando, rumo a direção que eu tinha indicado. O pescador me falou que até chegar aonde eu queria, demoraria algumas horas e que o mar estava um pouco agitado. Aproveitei a viagem para tentar entrar em contato de novo com minha esposa. Mas, fiz uma coisa estúpida. Deixei o rádio escapar da minha mão e ele caiu na água. Minha reação foi pular atrás dele. Mas vi que não adiantaria. Mesmo que eu conseguisse pegá-lo de volta, o contato com a água o teria arruinado. Não havia mais nada que eu pudesse fazer. Resolvi descansar um pouco, pois ao chegar ao destino, o barco não teria onde atracar e eu teria que nadar uns 2 km. Mesmo usando um colete salva-vidas, seria complicado por causa da mochila e da temperatura da água, relativamente baixa. Arranjei alguns sacos plásticos para embalar as minhas roupas e o par de botas que usava, assim como o celular, os fósforos, o mapa e a lanterna.
Ao amanhecer, chegamos ao local onde eu abandonaria o barco. Agradeci ao pescador e pulei na água, gelada. Comecei a nadar em direção à praia e, depois de mais de uma hora lutando contra a corrente, consegui chegar lá, esgotado e meio congelado. Vesti as roupas, comi e bebi alguma coisa. Agora, viria a parte menos perigosa, mas, mais difícil. Atravessar 10 km de mata num relevo acidentado até chegar à estrada, e de lá mais 10 km até o refúgio.
Apos demorar quase 8h para atravessar a mata,  pois o terreno era mais úmido e mais acidentado do que eu imaginava, consegui chegar à estrada. Não havia movimento. Deveria ter acontecido alguma coisa de muito séria nos subúrbios da cidade, a ponto de paralisar o tráfego dessa maneira. Mas não demorou muito e logo avistei um carro. Pedi carona, quase pulei na frente dele, mas o motorista me ignorou e seguiu em frente.  Deveria ser um carro de algum local de algumas das residências mais afastadas da cidade, mas que margeavam a estrada. Peguei o celular, mas estava completamente sem sinal. Na hora não liguei muito para este fato. Comecei então a caminhar pelo asfalto. Brincadeira de criança, depois da mata. Em mais 2h, cheguei finalmente ao refúgio. Era impossível de vê-lo da estrada, pois ele ficava a uns 500m da mesma e não tinha uma entrada que fosse facilmente vista. A casa ficava por trás de um morro. Corri até lá, esquecendo todo o cansaço e feliz por estar em casa pouco mais de um dia depois do começo da crise. Peguei minha chave, abri a porta e quase mato de susto a minha esposa. Nos abraçamos e ficamos um bom tempo assim, sem dizer nada. Depois ela me fez tirar as roupas e botas sujas e me preparou um banho. Estava tão cansado que nem prestei atenção em nada. Ao terminar o banho, caí na cama e dormi por mais de 10h. Acordei no outro dia tarde, e foi então que percebi que tinha alguma coisa estranha. Estava silencioso demais, mesmo para uma casa no campo. Saí do quarto e encontrei minha esposa na cozinha, e então ela me contou o que aconteceu enquanto eu lutava para chegar em casa. Os atentados dos traficantes à rede de distribuição de energia elétrica tinham sido só o começo. As organizações criminosas responsáveis pelo tráfico tinham mandado mensagens para a prefeitura da cidade avisando sobre o ataque, mas o prefeito e seus assessores acharam que era algo exagerado e não deram importância. Logo depois, um grupo terrorista, também ligado às organizações criminosas dos traficantes, entrou na principal usina de produção de energia elétrica do país, e plantou algumas toneladas de explosivos, além de manter os funcionários como reféns. Fizeram um comunicado ao governo do país pedindo uma imensa quantia em dinheiro como resgate. O governo achou que era um blefe e mandou uma tropa de elite das forças armadas atacar o local. Afinal de contas, neste país os terroristas são diferentes e prefeririam se entregar à cometer suicídio. Só que os terroristas responsáveis pela detonação dos explosivos não estavam no local e não hesitaram em apertar o botão. Como resultado, mais da metade do país estava sem suprimento de energia, pois a usina, que era hidrelétrica, foi totalmente destruída. A detonação também fez com que bilhões de litros de água que faziam parte do lago formado pela barragem, passassem pela usina e inundassem várias cidades, causando terrível destruição.
A crise definitiva finalmente tinha chegado. Eu acreditava que a natureza é que seria responsável por ela e não os homens. E jamais pensaria que uma crise causada por terroristas e traficantes pudesse acontecer logo aqui. Mas, aí estava a realidade para nos mostrar que nada é impossível, e que estávamos mais vulneráveis do que imaginávamos.

P.S.- Não sou escritor, e acho que a estória acima tem muitas lacunas, muitas falhas. Não é possível prever como uma população reagiria numa situação dessas. Mas tenham em mente que é muito fácil  para um grupo de insatisfeitos, minimamente organizados, desencadear uma crise. Creio que o cenário descrito acima é perfeitamente plausível. E o que me deixa nervoso é que não há, neste país, como impedir tal coisa. É muito fácil comprar ou roubar explosivos. Não há fiscalização. E os grupos criminosos estão cada vez mais fortes, mais influentes. E o mundo está cheio de malucos... A única coisa que podemos fazer é ficar preparados, para o que der e vier. Como já disse em outro post, a crise virá, com certeza. Só não sabemos de onde.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Sobre rolezinhos e crises

Qual a relação entre os chamados rolezinhos e sobrevivencialismo?
Os rolezinhos são reuniões de jovens, marcadas através das redes sociais, em shoppings e outros locais públicos e que atraem milhares . O que aconteceu em uma dessas reuniões foi que a segurança de um shopping chamou a polícia para retirar a multidão da área de estacionamento. Os jovens, em fuga, entraram na área das lojas. Muitas pessoas, pensando que era um arrastão, entraram em pânico e fugiram. No meio da confusão, ladrões e vândalos se aproveitaram para furtar pessoas e depredar lojas.
Este evento mostra algumas coisas:

- As forças policiais estão completamente despreparadas para agir quando há aglomeração de pessoas (as manifestações do ano passado também mostraram isso).
- O pânico é algo que se alastra rapidamente. Muitas das pessoas que fugiram não sabiam exatamente o que estava acontecendo. Simplesmente fugiram.
- Existem indivíduos que se aproveitam de aglomerações de pessoas para assaltar, agredir e destruir propriedades, pois sabem que é muito mais difícil identificá-los no meio de tanta gente.
- Locais antes considerados seguros, agora se tornam perigosos.

É importante perceber que o medo nas grandes cidades é muito intenso. É um medo reprimido, mas que em qualquer situação minimamente anormal, aflora à superfície e se transforma em pânico. Pessoas em pânico tomam atitudes impensadas, desesperadas. O poder público parece não conseguir mais garantir a segurança de ninguém e parece não haver mais locais seguros. Alguns podem ainda se esconder atrás de seus muros, câmeras, cercas e alarmes, seguranças e carros blindados, mas isso não traz muita tranquilidade. Outros são forçados à conviver com uma maior insegurança,  e vão vivendo um dia após o outro.
Se, em condições normais (se é que se pode considerar normal uma vida em eterna insegurança) numa grande cidade, um mero rolezinho causou tanta confusão, em um cenário de crise, as coisas seriam muito, muito piores.
É importante bater na mesma tecla. Sobreviver num grande centro, mesmo em dias normais, está cada vez mais difícil. Todas as pessoas que adotam a filosofia sobrevivencialista, devem, se possível, ficar afastadas das grandes cidades. Em caso contrário, elas devem ter um plano de contingência para, no desencadear de uma crise, escapar o mais rápido possível.
Os rolezinhos são apenas uma mínima amostra do que pode (e vai) acontecer quando uma crise vier. A diferença é que muitos se reunirão não para fazer festa, mas para ir à procura dos recursos necessários à sobrevivência. E ninguém vai querer ficar perto de aglomerações assim.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Armas de fogo: Um assunto polêmico

Nos últimos anos, sob o pretexto de diminuir a violência, o governo criou campanhas de entrega voluntária de armas de fogo por parte da população, além de dificultar a obtenção do porte de arma. Isso não só não diminuiu os índices de criminalidade, como ainda deixou muito cidadãos desarmados e impotentes para defender a sua casa contra invasores. E os bandidos estão cada vez mais bem armados, inclusive com armas "de uso restrito das forças armadas".
Muitos sobrevivencialistas tem adotado soluções que não ferem a lei, como carabinas de pressão e pequenos calibres, além de armas que disparam projéteis, mas que não são armas de fogo, como balestras e atiradeiras.
Mas, vamos ser francos. Num cenário de crise em que as forças policiais desapareceram, em que é cada um por si, e que outras pessoas, inclusive policiais e soldados bem armados, não teriam escrúpulos em invadir o território de quem quer que seja e se apossar dos recursos que lá encontrarem, armas "dentro da lei" seriam totalmente ineficientes.
Uma arma de grande calibre é, antes de tudo, um fator que intimida. Se um invasor sabe que, naquele território existem bons atiradores e bom poder de fogo, ele vai provavelmente procurar outras vítimas que possam oferecer menos resistência. Ou seja, ter algumas armas de fogo em dias complicados, como os dias de hoje, ou como em cenários de crise, pode ser garantia de relativo sossego. Sempre existirão as pessoas que não respeitarão arma nenhuma, e nesse caso, será necessário fazer uso delas para defender seu abrigo, sua família. Mas, estas pessoas devem ser exceção.
A melhor situação que pode existir é nunca ter que usar armas de fogo. Por isso que a discrição é fundamental  Deve-se agir de tal maneira que o seu abrigo não seja alvo de cobiça por parte de outras pessoas. Deve-se evitar o confronto a qualquer custo, especialmente porque esses bandidos armados com "armas de uso restrito" também estarão por aí, e que, em caso de escaramuças, pode-se por a perder toda a preparação que consumiu meses, anos. Mas, em tempos de crise, todo sobrevivencialista deve estar preparado para ter e usar armas de grande calibre. É bom sempre ter em mente que, quando a crise chega, discursos pacifistas viram palavras vazias. Se alguém hastear uma bandeira branca, esta provavelmente será crivada de balas...

PS - Por mim, ninguém teria armas de fogo. Eu as acho abomináveis. Mas, descrente como sou em relação à humanidade, elas são necessárias, seja como fator de persuasão, seja para defesa.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Crises e tratamentos de saúde

Quando pensamos em preparação, geralmente estamos falando de indivíduos saudáveis, sem problemas sérios de saúde. Fazemos estoques de vários tipos de remédios, de anti-térmicos até antibióticos, passando por anti-histamínicos, cicatrizantes e até mesmo protetor solar.
Mas, e se um ou mais membros do grupo precisam fazer um determinado tratamento pelo resto de suas vidas? Em alguns casos são tratamentos mais "simples" como no caso dos hipertensos, que tomam medicamentos para controlar a pressão, além de fazer o monitoramento através de esfigmomanômetros (aparelho que serve para medir a pressão arterial). O estoque de alimentos para estas pessoas deve levar em conta este problema de saúde, ou seja, deve ter produtos sem sal. Já no caso dos diabéticos, a coisa se torna um pouco mais complicada. Embora as insulinas modernas possam ser conservadas à temperatura ambiente, os diabéticos precisam também de medidores de taxa de açucar, seringas para aplicação, e um cuidado bem maior com a alimentação. Mas, ainda assim, dependendo do cenário de crise, existe grande possibilidade de sobrevivência.
Agora, a coisa se complica realmente com pessoas que precisam de procedimentos como hemodiálise. É um tratamento complexo, que exige uma máquina, no caso o dialisador, soluções específicas e peças de reposição para a máquina, produtos para desinfecção e limpeza, uma fonte de energia elétrica confiável e pelo menos um profissional que saiba manipular o dialisador. Talvez seja possível fazer uma preparação nesse sentido, especialmente se o cenário de crise não for duradouro. Mas seriam necessários muitos recursos e um grupo unido e disposto a manter o dialisador funcionando. E se a crise for duradoura, então seria muito difícil manter estas pessoas vivas.
Aqui entramos num tema bem delicado, que merece muita discussão. Se no seu grupo sobrevivencialista existir alguém que exija um tratamento complexo para se manter vivo, o que você faz?

Vírus e crises

Os vírus podem ser responsáveis por desencadear possíveis cenários de crise. A natureza parece estar testando a letalidade de suas criações com doenças como SARS, Gripe Aviária e outras. Em algum momento, surgirá um vírus tão letal quanto os dessas doenças, mas com o poder de transmissão e contágio da gripe comum. Se tal vírus se espalhar pelo mundo, teremos então uma pandemia. Hoje em dia, um vírus dessa natureza poderia alcançar as principais cidades do mundo em 36h. Uma vez que um vírus dessa natureza chegue à uma grande cidade e não seja contido no ponto de entrada, como num aeroporto, será praticamente impossível impedir a sua disseminação. O período de incubação do vírus é curto, cerca de 2 dias. Durante esse período, o infectado estaria assintomático. Depois, a gripe surgiria, e com ela o contágio para outras pessoas. Como saber então quem estaria contaminado até que os primeiros sintomas aparecessem?
Vamos imaginar uma situação assim na nossa realidade. Provavelmente uma doença assim teria origem na Ásia. Vamos supor que um indivíduo, em viagem de negócios à China tenha se contaminado no seu penúltimo dia de trabalho lá, e em seguida venha para o Brasil. Os voos da China para o Brasil duram em média um dia.Ou seja, quando esta pessoa chegasse ao país, ele estaria começando a sentir os efeitos da gripe, e começando também a contaminar outras pessoas. No taxi, no hotel, nos restaurantes, nas reuniões, muitos seriam contaminados por este único indivíduo. Logo, este sujeito começa a se sentir mal. Espirros, dificuldade para respirar, dores pelo corpo, náuseas fazem parte dos sintomas, que podem evoluir para embolia pulmonar, devido ao acúmulo de líquidos nos pulmões. Ele é então, levado para um hospital público numa ambulância do serviço de emergência. Sem saber exatamente do que se trata, os médicos o examinam sem nenhuma proteção, os enfermeiros cuidam dele também sem nenhuma proteção, e ele é colocado uma enfermaria com vários pacientes. Teremos então mais infectados. Ao saber que o paciente é estrangeiro e endinheirado, imediatamente é solicitada a transferência deste para um hospital particular. Enquanto isso, no hospital público, o vírus se espalha. Logo, outros pacientes começam a ter os mesmos sintomas que o paciente estrangeiro, assim como a equipe médica que o atendeu, incluindo os paramédicos da ambulância. Num hospital superlotado, com pacientes com a saúde bastante debilitada, não demora muito para acontecerem as primeiras mortes. No hospital para onde o indivíduo foi levado, particular, mas ainda assim despreparado, tanto a equipe médica como pacientes também são infectados. E logo também começam as mortes. Com o passar dos dias, outras pessoas com os mesmos sintomas começam a dar entrada em todos os hospitais. Se, em dias normais, os hospitais públicos já operam acima de sua capacidade, num caso como esse, em que centenas de pessoas aparecem doentes num curto espaço de tempo, com as equipes médicas também fora de combate por estarem doentes, o caos e o pânico começa a tomar conta da cidade. Pela total falta de experiência com doenças muito contagiosas e pela dificuldade em se estabelecer um diagnóstico preciso da doença, nenhuma medida preventiva é tomada. Pouco ajuda saber que a agora chamada gripe se originou na Ásia e por lá também há o caos. Desnecessário dizer que as consequências seriam muito graves para a sociedade.
Se as autoridades sanitárias tivessem agido da forma certa, isolando um paciente com um mal desconhecido, assim como todas as pessoas que tiveram contato com ele, talvez o surto pudesse ter sido controlado. Mas aqui no Brasil, ninguém acredita que algo assim vá acontecer. E mesmo que acreditasse, os hospitais, principalmente os públicos, não estariam preparados para procedimentos como quarentena. Afinal, em muitos hospitais, pacientes com pneumonia dividem quartos com vítimas de acidentes, convalescentes de cirurgias cardíacas e outros. Quem tem pneumonia deve ficar isolado dos demais pacientes, para que estes não contraiam a doença. 
Devemos ter em mente que, o Brasil não tem o menor preparo para tentar identificar e conter possíveis doenças infecciosas perigosas para o público em geral. E, dependendo do poder de contágio da doença, nem os países mais preparados, como EUA e Rússia estariam livres de um contágio entre sua população. Simplesmente porque há gente demais, e por mais perfeito que seja um sistema de controle de doenças, ele não é infalível. Bastaria que uma pessoa não fosse devidamente diagnosticada É importante então, monitorar as notícias à respeito de possíveis doenças infecciosas. E, neste cenário em particular, ficar longe de grandes centros é imperativo para a sobrevivência.
Uma notícia de meados do ano passado é muito preocupante. Cientistas querem aumentar o poder de contágio de vírus como o H1N1, responsável pela gripe aviária, para avaliar os riscos de uma pandemia. Na opinião humilde de quem lhes escreve, é mais ou menos como apontar uma arma carregada para a própria cabeça e apertar o gatilho para ver se ela dispara!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A crise virá, com certeza.

Seria pessimismo demais achar que uma crise vai acontecer com certeza? Talvez já estejamos vendo o começo dela. Notem que os governos parecem ter cada vez menos controle sobre diversos aspectos da sociedade. A polícia não consegue mais combater o crime com eficiência. A medida em que os números de homicídios e assaltos aumentam, as casas vão incorporando cada vez mais dispositivos de segurança, a ponto de se parecerem com presídios. Grades, alarmes, cercas elétricas, câmeras de segurança. Até pouco tempo, só víamos este tipo de aparato em bancos e prisões. Agora, está por todo canto, ate mesmo em várias residências mais humildes. O sistema de saúde não consegue mais atender a população com um mínimo de qualidade, de decência. Tornou-se comum ver pacientes nos corredores dos hospitais. E, até mesmo aqueles que tem planos de saúde, sofrem com diagnósticos imprecisos. Está cada vez mais difícil manter uma cidade sem cortes no abastecimento de água e energia. A falta de água e eletricidade se torna parte do dia a dia de boa parte das grandes metrópoles brasileiras, especialmente no verão. E, a cada ano, os problemas vão se agravando. Está cada vez mais caro manter a família alimentada. As recentes altas nos preços de itens, como o tomate, e a baixa qualidade dos produtos que chegam as feiras e supermercados, a carne cada vez mais cheia de hormônios, mostram que o campo começa a ficar sobrecarregado com a excessiva demanda das cidades por comida.
Certa vez, foi feita uma experiência com sapos. Se eles são atirados na água quente, eles se debatem violentamente até morrer. Mas, se eles são atirados num caldeirão inicialmente com água fria, mas que vá esquentando aos poucos até o ponto de fervura, eles entram numa espécie de letargia e não percebem que sua vida está em risco. Assim é a maioria das pessoas. Nos últimos 20, 30 anos, a qualidade de vida caiu assustadoramente, nas grandes e pequenas cidades. Mas não se percebe isso. Será que é normal ter medo de sair à rua, ter medo de ser assaltado, ter medo de deixar a sua casa sozinha durante algumas horas? Será que é normal viver com medo? Não, não é normal! Mas a maioria das pessoas está acostumada, porque esse medo foi crescendo aos poucos.
Mas, uma hora, a bomba estoura. Nossa sociedade vai chegar à um limite. E este limite está muito próximo. A cada dia fica mais difícil manter uma cidade funcionando. A cada dia, a tensão social aumenta. A cada dia o nível de proteção tem que ser aumentado. A cada dia se torna mais necessário depender o mínimo possível do sistema.
Manter a guarda alta, manter-se alerta é a solução. Procurar sair dos grandes centros, procurar produzir pelo menos parte de seu alimento, procurar consumir menos. Tudo isso vai ajudar quando os sistemas da nossa sociedade não forem mais capazes se manter a coesão.
A crise vai acontecer, e não vai demorar muito. Como ela se abaterá sobre a sociedade? Existem muitas, mas muitas maneiras mesmo de isso acontecer. Basta que qualquer um dos pilares de sustentação da sociedade, ou seja, abastecimento de energia e água, comunicações, transações financeiras, pare de funcionar, ainda que por pouco tempo.

Os perigos do fogo

O fogo é extremamente útil. Mas também pode, se usado de forma inadequada, ser muito perigoso.
É preciso muita atenção ao usá-lo, seja numa vela, seja numa fogueira, em ambientes abertos ou fechados.
Geralmente, quando estamos no mato, usamos fogueiras para aquecer alimentos, e como fonte de iluminação. Mas elas devem ser usadas com muito cuidado, especialmente em lugares muito secos, e em períodos de pouca chuva. Ao acender uma fogueira, devemos nos certificar que a área ao redor dela está totalmente limpa, sem nenhum material que possa pegar fogo. Ao terminar de usar, devemos apagá-la, para evitar que o vento possa espalhar brasa e originar incêndios no mato. Sempre que pudermos, devemos usar alternativas que possam substituir as fogueiras. Fogareiros e lanternas podem ser excelentes soluções, por permitir maior controle do fogo no primeiro, e não usar fogo, no segundo.
Dentro do abrigo, embora seja uma solução duradoura como fonte luminosa, velas devem ser evitadas. Hoje em dia, existem lanternas baratas cujas baterias duram muito, mas muito mesmo. Em cenários de crise, quando todos estarão tensos, é muito fácil ocorrer um acidente com velas. Mas, se a crise for duradoura, eventualmente teremos que usá-las. Devemos, portanto, ter à mão meios de apagar incêndios de maneira rápida, antes que eles se propagem. É bom investir em um extintor de incêndios. Ou, pelo menos, reservar recipientes com água em locais estratégicos para este fim.
Agora, se o pior acontecer e pessoas sofrerem queimaduras, deve-se ter no kit de primeiros socorros produtos que possam ser usados para tratar os ferimentos. Em queimaduras leves, água corrente é o suficiente. Mas em casos mais graves, deve-se remover o tecido queimado e aplicar remédios como Rifocina (anti-séptico em spray) e Fibrase (cicatrizante), além de ataduras, para cobrir as áreas afetadas.
Devemos ter um imenso respeito pelo fogo, e usá-lo de maneira muito parcimoniosa. Creio que, no interior do abrigo, o fogo deve ser evitado ao máximo pois, como já disse, quando sob tensão, os acidentes podem acontecer com mais facilidade.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Um dia sem energia

A energia elétrica é vital para o funcionamento da civilização do Sec. XXI. Praticamente todos os nossos sistemas funcionam, direta ou indiretamente, com eletricidade. Do banho quente nos dias frios à produção de bens de consumo, do abastecimento de água às telecomunicações, tudo usa grandes quantidades de eletricidade, que é gerada por hidrelétricas, termelétricas, usinas nucleares e, mais recentemente, por energia eólica e solar.
A eletricidade é distribuída para as cidades através de linhas de transmissão de alta tensão, passa por subestações, que tem a função de baixar a tensão para os 110 ou 220 volts, para, em seguida, ser distribuídas para as casas e indústrias.
Imagine então que, por um motivo qualquer, o fornecimento de energia elétrica é interrompido em uma grande cidade do mundo por um dia. Para começar, os meios de transporte que dependem diretamente de eletricidade, trens e metrô, parariam imediatamente, deixando milhares de passageiros presos. Assim como as milhares de pessoas que ficariam presas nos elevadores de muitos prédios. Boa parte deles, principalmente aqui no Brasil, não tem geradores de emergência. O resgate para essas pessoas presas, tanto nos trens e metrô, como nos elevadores, demoraria muito à chegar, pois, sem eletricidade, os semáforos desligariam e certamente o trânsito se tornaria um caos. Falando em trânsito, as pessoas que estivessem em carros com o tanque quase vazio (muitos sempre andam com o carro na reserva), a atitude mais sensata seria pará-lo e abandoná-lo, pois, nos postos de combustível sem energia elétrica, não seria possível abastecer, pois as bombas que puxam o combustível dos reservatórios subterrâneos não teriam como trabalhar sem energia elétrica. Outro problema seria o do pagamento do combustível. Como a maioria das pessoas usa cartão, provavelmente as maquinetas estariam desativadas, a não ser aquelas que são móveis, que funcionam à bateria. Mas, mesmo estas logo perderiam a capacidade de processar pagamentos, pois as telefonia celular (para quem não sabe, as maquinetas móveis de cartão usam as redes de celular para fazer as suas operações) logo parariam de funcionar. As torres de transmissão de telefonia tem geradores próprios, mas que funcionam geralmente por 6 ou 8h. Quando seu combustível acaba, obviamente, a torre perde a capacidade de transmissão e recepção. Aqui no Brasil, poucos hospitais são equipados com geradores de emergência. Os pacientes que dependem de máquinas de suporte de vida ficariam à mercê desses geradores. Quando o combustível acabasse, provavelmente a vida os pacientes acabaria. O abastecimento de água logo ficaria comprometido, pois, as adutoras, que tem bombas que funcionam com energia elétrica, não conseguiriam enviar água para as residências. A falta de refrigeração seria um problema sério. Sem energia elétrica, sem geladeira. Estabelecimentos como supermercados, teriam grandes prejuízos pois alimentos perecíveis, como laticínios e carnes, logo estragariam.
Mas o pior estaria guardado para a noite. Sem iluminação pública, sem alarmes, sem comunicação, sem polícia e bombeiros (como os policiais e bombeiros poderiam atender as ocorrências sem saber aonde elas estão ocorrendo, e, em muitos locais, principalmente nas áreas centrais, seria impossível chegar ao local devido aos congestionamentos?), os saques à lojas, assaltos, incêndios e tumulto logo tomariam conta de grandes áreas das cidades.
Situações assim já aconteceram. Nova York já passou por alguns blecautes e, o que se viu foi exatamente isso. Saques, violência, caos. As pessoas mal intencionadas aproveitam a escuridão para dar vazão aos seus instintos destrutivos. E, quando o local já vem passando por grandes tensões sociais, como é o caso de muitas cidades do Brasil, o caos é praticamente garantido.
O que foi descrito acima é só uma amostra dos inúmeros problemas que podem atingir uma cidade no caso de uma queda de energia de um dia.
Qual a possibilidade de um blecaute de grandes proporções nos atingir hoje? Embora o governo diga que não há risco de apagão, um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro indica exatamente o contrário. O verão extremamente quente, aliado à um maior poder aquisitivo da população, tem gerado uma demanda extra por energia. O sistema brasileiro de distribuição de eletricidade não parece ser confiável. No fim do ano passado, praticamente todo o Nordeste ficou sem energia por mais de duas horas. A causa foi uma queimada perto de uma linha de transmissão. O maior temor dos especialistas é que algo assim volte à acontecer, e gere um efeito dominó, apagando todo o país. Como os sistemas são interligados, mas de maneira não muito eficiente, não deve ser impossível acontecer.
Como sobrevivencialistas, devemos estar preparados para situações como estas. Ter no seu EDC fontes de iluminação, meios de comunicação que não dependam de telefonia (walk-talkies são uma excelente pedida), morar em locais na cidade que sejam menos propensos a tumultos devem estar entre nossas principais preocupações.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Um dia sem internet

A internet se tornou parte indispensável nas nossas vidas. Muito mais do que imaginamos. E se uma cidade ficar sem internet por um dia? O que acontece?
Num primeiro momento, os seus habitantes não conseguiriam acessar as suas contas nas redes sociais, emails e diversos outros serviços. Só este fato já deixaria muita gente desconfortável. É, cada dia maior, o número de pessoas que são viciadas em internet e ficar sem acesso à rede é uma tortura. Mas isto é só o começo.
O uso dos cartões de crédito e débito seria impossível, pois as maquinetas usam a rede para mandar e receber dados. Logo, boa parte das pessoas não poderiam comprar absolutamente nada. Muitos hoje em dia raramente fazem saques de dinheiro. E, sem internet, até esses saques seriam impossíveis, pois os caixas eletrônicos e bancos usam a rede para controlar as suas operações.
Muitas cidades monitoram as ruas e o trânsito usando sistemas de câmeras e controles computadorizados para alterar a sincronia dos semáforos. Os dados são enviados e recebidos via rede. Sem internet, este tipo de controle também seria impossível e o trânsito viraria uma bagunça.
Até o controle das redes elétricas hoje em dia se dá via internet. De acordo com dados de consumo transmitidos em tempo real, as geradoras de energia aumentam ou diminuem a carga de energia no sistema.
Os sistemas de telefonia ficariam sobrecarregados. Se você não consegue se comunicar via internet, certamente vai recorrer ao telefone. Só que, como todos vão ter a mesma ideia, e o sistema não é preparado para suportar uma demanda tão alta (se você tentou falar com alguém pelo telefone nos primeiros minutos de 2014 vai saber do que estou falando) e entra em colapso.
Ninguém é capaz de prever como exatamente cada cidade passaria sem internet. Nas cidades menores, a queda da internet provavelmente seria apenas um aborrecimento sem muita importância, se durasse apenas um dia. Mas, nas cidades maiores e mais desenvolvidas, a queda da internet seria um problema que causaria muitos prejuízos e poderia dar origem à tumultos em grande escala.
Certamente existem muitos outros processos via rede que nem podemos imaginar, mas que são responsáveis, em maior ou menor grau, pela estabilidade do nosso modo de vida.
Devemos ter a consciência de que hoje acontece algo que não aconteceria há 15 ou 20 anos. O mundo DEPENDE da internet. Depende das redes de computadores. Sem internet, não só voltaríamos no tempo, como esta volta viria junto à uma crise bem difícil de gerenciar.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O Sol intriga os cientistas

Muito se fala sobre o impacto da atividade solar sobre nossa civilização, sobre nossa tecnologia. Com o maciço uso de satélites e energia elétrica, vários cientistas afirmam que uma tempestade solar poderia destruir satélites e redes de energia elétrica ao redor do planeta. Ainda de acordo com os estudiosos do Sol, a probabilidade de tais tempestades acontecerem aumenta nos períodos de máximo solar, que ocorrem aproximadamente a cada 11 anos. Só que este máximo solar, que começou em 2012, tem deixado os especialistas intrigados. Até o último Novembro, este máximo estava sendo considerado o mais fraco desde que este tipo de registro começou a ser feito. Mas, no fim de Dezembro de 2013 e Janeiro deste ano, o Sol voltou a intensificar a sua atividade a tal ponto que, manchas solares (que indicam o grau de atividade solar; quanto mais manchas, mais ativo está a estrela) recomeçaram a aparecer em grande número e em tamanhos que há muito tempo não eram vistos. Hoje uma delas, a gigantesca AR1944 (quem quiser saber mais acesse o site spaceweather.com) explodiu violentamente. Esta explosão não foi particularmente forte, mas o fato de esta mancha está apontada diretamente para a Terra pode causar transtornos, como falhas em alguns satélites e interferências nas radiocomunicações.
O que deixa os cientistas intrigados, e até preocupados, é que se sabe realmente muito pouco sobre a atividade solar. Já aconteceram explosões fortíssimas no passado, como a que ficou conhecida como Evento Carrington, em 1859, que foi observada pelo astrônomo de mesmo nome e que causou sérias avarias nos telégrafos dos EUA, ao ponto de eletrocutar operadores, incendiar os fios nos postes e causar auroras austrais e boreais vistas até em países equatoriais como Cuba. Um evento dessa magnitude ocorrendo nos dias de hoje poderia causar o colapso de nossa civilização tecnológica, pois certamente ficaríamos sem satélites e sem energia elétrica.
Uma tempestade solar é causada pela interação entre partículas eletricamente carregadas ejetadas pelas explosões solares e o campo magnético da Terra. As auroras polares são o resultado visível dessa interação. Mas no caso de tempestades solares muito fortes, estas partículas entram na nossa atmosfera pelos polos e carregam eletricamente a atmosfera, fazendo com que a corrente nos componentes da rede elétrica, como fios e transformadores aumente de forma drástica, causando o seu superaquecimento e consequente destruição. No espaço, estas partículas causariam sobrecarga nos circuitos dos satélites e sua consequente falha.
O monitoramento das tempestades solares é feito por satélites da NOAA, tais como o GOES e o ACE. Eles são a única maneira de saber quando uma tempestade solar ocorre, e qual sua intensidade e direção. Só que a vida útil desses aparelhos está chegando ao fim e até agora nenhum substituto foi lançado.
Como sobrevivencialistas, devemos monitorar a atividade solar (o site n3kl.org é um excelente site de monitoramento). Sendo bem realista, as chances de que uma tempestade solar nos atinja de forma brutal é baixa, mas não desprezível. Este, com certeza, seria um dos piores cenários de crise que poderiam nos atingir. Mudaria radicalmente o nosso modo de vida, pois, para tudo dependemos de satélites e energia elétrica...

Disciplina e planejamento

Há pouco tempo fui fazer um passeio fotográfico no interior da Paraíba. Como todos sabem, nesta época do ano, o calor é muito grande. No sertão então, nem se fala. Fui acompanhado de minha esposa e levamos 2 garrafas de isotônico, 6 barras de cereal e 2l de água. Andamos o dia inteiro sob o sol escaldante, e na paisagem seca não havia nenhuma fonte de água. Os rios e riachos da região estavam totalmente secos.


Então, a medida em que o dia foi passando, fomos consumindo nossos recursos. Mas não prestamos muita atenção ao ritmo em que consumíamos a comida e a bebida. Quando percebemos que não tínhamos nem água nem isotônico e nem barrinhas de cereal, estávamos a cerca de 3km do carro, num caminho bastante acidentado. E o carro estava a pelo menos 20km da cidade mais próxima, boa parte dessa distância em uma estrada muito ruim. Ficamos cerca de 2h sem ingerir nada. Eram cerca de 3 da tarde e, o que poderia servir de consolo, que era o fato de que o sol estava ficando menos intenso, na verdade não nos adiantou nada, por causa do calor e das roupas que usávamos para nos proteger dos galhos secos e espinhos. E ainda tinha todo o peso das câmeras e assessórios. A volta foi bastante desconfortável. A boca seca, a fome, a fadiga, uma certa impaciência. Não chegou a ser desesperador porque sabíamos que, quando chegássemos na cidade, poderíamos comprar água e comida.
Esta experiência nos alertou para o seguinte fato: Temos que usar os nossos recursos de forma muito disciplinada, além de fazer um planejamento sério sobre que tipo de recursos vamos precisar. Se não tivéssemos usado muita água no começo do passeio para tirar o suor do rosto, se tivéssemos racionado o uso do isotônico e se tivéssemos levado um pouco mais de comida, se não tivéssemos levado tanto peso. Outro erro crasso nosso foi pensar que nada poderia acontecer conosco no meio do mato. Não levamos nenhum medicamento, curativo, nada. Levei um corte na mão, durante a trilha, e usei um bocado de água pra lavar, água esta que fez falta.
Num passeio, a falta de disciplina e planejamento causou desconforto. Mas num cenário de crise, isto pode ser fatal.
No passeio seguinte, levamos menos equipamento fotográfico, levamos exatamente a mesma quantidade de água e isotônico, levamos mais barrinhas de cereal, além de frutas, como banana e goiaba, e levamos um kit de primeiros socorros. Embora estivesse ainda mais quente, não passamos perrengue. Até sobrou água, porque disciplinamos o consumo, e as frutas ajudaram a controlar melhor a sede.
Ficamos impressionados com outro aspecto. A qualidade do trabalho foi bem melhor no segundo passeio. Uma prova de como o planejamento (mesmo levando frutas, kit de primeiros socorros e mais barras de cereal, nossas mochilas ficaram muito mais leves, porque não levamos coisas que não precisávamos) e a disciplina influenciam o nosso rendimento quando ficamos expostos à situações em que nossos corpos são exigidos.
Essa foi uma das maiores lições sobrevivencialistas de minha vida. Deixo como sugestão fazer um passeio, seja no mato, na praia, ou qualquer outro lugar,  tomando todos os cuidados, planejando e se disciplinando. É muito importante para você conhecer a si mesmo, ver como seu corpo reage a situações nas quais ele é exigido e também como sua cabeça reage a experiência.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Cisterna sertaneja

No Sertão nordestino, tem se tornado comum o aparecimento de cisternas que armazenam a água das chuvas. Existem alguns programas dos governos federal e estaduais da região que financiam a construção deste tipo de instalação, sobretudo para famílias carentes.


É um sistema bem simples. Uma calha recebe a água que cai no telhado e é ligada à um cano que direciona o fluxo para dentro da cisterna. Usualmente, elas são construídas para armazenar cerca de 50 mil litros. A retirada da água é feita de maneira manual, com baldes amarrados à cordas. Para evitar a contaminação por larvas de mosquitos e microrganismos, é acrescentada à água armazenada uma solução de hipoclorito de sódio.
Este é um método barato e muito eficiente de se ter uma reserva de água. Desnecessário dizer que seria de extremo valor algo assim num cenário de crise no qual o abastecimento de água fosse interrompido.
É o sertanejo dando mais uma lição de sobrevivencialismo.

PS - A foto é de minha autoria.

Sobre plantações e fantasias

Nas redes sociais, participo de várias grupos cujo tema é o sobrevivencialismo. E muito me preocupa a quantidade de informação fantasiosa que muitos membros publicam e acreditam. Por exemplo, na semana passada apareceu em plantações na Califórnia, EUA, um sinal particularmente misterioso. Logo, surgiram várias "interpretações" para o que aqueles círculos e quadrados significavam. A que mais me deixou surpreso, pela imaginação digna de escritor de ficção científica, foi uma que diz que em 19 de Fevereiro, pedaços do cometa ISON, destruído em sua passagem pelo Sol, vão atingir a Terra.Vejam a "interpretação" completa da imagem abaixo no site http://humansarefree.com/2014/01/the-salinas-california-crop-circle.html


Na minha opinião, o dia 19 de Fevereiro de 2014 vai chegar e passar sem que nenhum pedaço do ISON caia sobre nossas cabeças. Simplesmente porque os astrônomos das várias agências espaciais que existem ao redor do mundo dizem que a órbita do ISON, fragmentado ou não, passa bem longe da Terra. Alguém poderia argumentar que a fragmentação do cometa alterou a sua órbita. Mas acontece que o ISON não explodiu como uma granada. Ele se partiu. se quebrou. E os pedaços continuam a seguir a mesma órbita que seria seguida se o cometa estivesse inteiro. Outros diriam que a NASA, a ESA, a Agência Espacial Chinesa e outros órgãos estão escondendo a verdade da população, para que não haja pânico. Mas, muitas das descobertas de corpos celestes foram feitas por astrônomos amadores. Certamente estes astrônomos não teriam receio em contar a verdade, e muitos possuem bastante credibilidade no meio astronômico e também junto à agências de notícias.
Outro exemplo de informações fantasiosas são os exageros à respeito da usina nuclear de Fukushima. Embora seja uma situação muito séria, a usina não vai contaminar metade do planeta com uma gigantesca explosão atômica.
Por outro lado, acredito que muitas informações que nos são passadas são incompletas, distorcidas, propositalmente ou acidentalmente. Vejam por exemplo a questão do aquecimento global. Que o clima está mudando, não restam dúvidas. As chuvas cada vez mais violentas, o calor cada vez mais intenso, as nevascas e o frio sem precedentes são um sinal disso. Mas a tese de que o planeta está aquecendo é controversa. Muitos cientistas de renome não creem nisso. Muitos até sugerem que estas transformações são um indício de que a Terra vai entrar em uma era glacial. E nós, pobres mortais, ficamos sem saber o que realmente está acontecendo.
Eu acredito que a solução para que prestemos atenção ao que realmente importa e não percamos tempo com fantasias é o estudo, o entendimento. É procurar, mesmo que de forma leiga, entender os processos que regem o mundo que nos cerca. É procurar informação de fontes confiáveis. Em relação aos fenômenos espaciais, as melhores fontes de informação são as páginas da NASA, da ESA, do INPE e de revistas especializadas no assunto. Sites e blogues de astrônomos famosos também podem ser uma boa fonte de pesquisa.
E, não devemos esquecer que, embora as ameaças do espaço sejam reais, como nos provou o meteoro da Rússia no ano passado, as ameaças criadas por nós mesmos têm muito mais chance de criar um cenário de crise. E, como sobrevivencialistas, devemos estar muito mais atentos ao mundo aqui embaixo.