domingo, 30 de março de 2014

Guardando Informações

Hoje, a principal fonte de informação para todo sobrevivencialista é a internet. Existem vários sites, nacionais e estrangeiros sobre o tema, bem como diversos livros eletrônicos e vídeos sobre técnicas das mais diversas. Tudo ao alcance de poucos cliques.
Mas, em muitos possíveis cenários de crise, a energia elétrica seria um problema. E, sem energia elétrica, sem internet. Mesmo que usemos notebooks e métodos de suprimento de energia fora da grade, como painéis solares ou energia eólica, sem eletricidade, toda a infra-estrutura da rede não tem como funcionar.
Sempre poderemos salvar tudo nos discos rígidos de nossos notebooks, para que estes se tornem bancos de dados. Alias, o notebook é a máquina ideal para qualquer sobrevivencialista que se preze. É um sistema que não depende muito da rede elétrica para funcionar e sempre se pode criar um estoque de baterias e carregá-las usando energia alternativa não é tão trabalhoso assim. Porém, dependendo da duração da crise, eles podem vir à falhar. A duração média de um computador desse tipo é de 5 a 7 anos. Depois disso, ele começa a dar defeitos, que vão de teclas quebradas até falhas eletrônicas, nas memórias, discos rígidos ou processador. Num cenário de crise, consertá-los ou substituí-los poderia ser bem difícil. Mesmo em dias normais, já não é mais possível encontrar peças sobressalentes para notebooks fabricados em 2009, como era o caso do meu antigo notebook. Tive que substituí-lo por um novo.
Uma boa maneira de guardar as suas informações é no papel. Livros, adequadamente conservados, podem durar 100, 200 anos. Talvez muito mais. Além disso, eles não dependem de qualquer fonte de energia. O que tenho feito é imprimir todos os livros e artigos interessantes sobre preparação, primeiros socorros, técnicas de fabricação dos mais diversos objetos e outros.
A melhor maneira de guardar informação sobre técnicas diversas é aprendendo na prática. Aquele preparador que constrói suas próprias ferramentas, que treina técnicas de primeiros socorros e outras, possui uma grande quantidade de informação no seu cérebro. Esta pode ser compartilhada entre os membros do grupo e, sempre que necessário, pode ser colocada em papel.
Todo sobrevivencialista deve usar todos os meios ao seu alcance para guardar toda a informação necessária para momentos de crise. Todos os meios são válidos. E todas as pessoas que tem essa filosofia devem compartilhar informações entre si.
A crise definitiva pode demorar ainda muitos anos para acontecer. Ou pode acontecer amanhã. Portanto, não canso de dizer que devemos estar preparados sempre. E atentos.

PS - Outro dia, me disseram que eu sempre penso no pior caso possível, ou seja, uma crise duradoura, que alteraria totalmente a sociedade. Muitas das crises não seriam tão devastadoras assim. Eu prefiro pensar sempre no pior caso. Se esse pensamento fosse mais difundido, o do pior caso possível, não teríamos Fukushima. Não teríamos crise energética. Não teríamos várias outras tragédias nas quais houve falhas de planejamento. É claro que sempre vão existir situações em que nem todo o planejamento do mundo evitarão a catástrofe. Mas, voltando à Fukushima, a tragédia poderia ter sido evitada se os japoneses tivessem usado um projeto mais moderno de reator, e se não tivessem deixado os geradores de emergência do sistema de resfriamento na posição mais vulnerável para uma inundação.
Se não pensarmos no pior caso possível, qual o sentido da preparação? Se o pior não acontecer, mas ainda assim for muito ruim, estaremos no lucro.


quarta-feira, 26 de março de 2014

Sexo e sobrevivência

Eis um tópico que quase nunca é falado no meio sobrevivencialista.
A atividade sexual é uma faceta muito importante da vida do ser humano. Desnecessário dizer a quantidade de benefícios que o sexo traz para as pessoas.
E num cenário de crise, a importância do sexo pode vir a ser ainda maior, principalmente em relação à questão psicológica. O sexo pode vir a ser uma válvula de escape muito importante para aliviar as tensões de uma época de incerteza Porém, devemos, claro, tomar cuidados. A prevenção é fundamental, tanto para evitar doenças como para evitar a gravidez. 
Portanto, inclua em suas preparações métodos contraceptivos e de proteção, tais como camisinhas e anti-concepcionais. É totalmente contra-indicado o uso de tabelinha, posto que o ciclo menstrual é extremamente variável em função do estado de espírito das mulheres. Voltando aos anti-concepcionais, são uma boa opção se a mulher já tiver o hábito de usá-los e se ela tiver um parceiro fixo. Seus efeitos variam de mulher para mulher e algumas delas pode vir a ter reações adversas caso não estejam acostumadas. Além disso, os anti-concepcionais não previnem doenças O método realmente eficiente é a camisinha. É simples, prática, tem um grande período de validade e podem ser estocadas em quantidade, além de ser extremamente eficaz na prevenção de doenças. Muitos homens não gostam, mas vão gostar menos ainda de engravidar a sua companheira num momento complicado ou ter que lidar com alguma doença. 
Um outro cuidado é manter-se atento. Facilmente, durante a atividade sexual, nos distraímos. Distração num cenário de crise pode ser fatal. Daí a importância do grupo, onde se pode fazer um esquema de revezamento das tarefas, de tal maneira que se possa ter um tempo para descanso e convívio com sua (seu) companheira(o).

Mantenham-se preparados! Sempre!

sexta-feira, 21 de março de 2014

Água

Todo o país está acompanhando as notícias sobre a escassez de água em São Paulo. A cidade é abastecida por 4 grandes reservatórios. Um deles, o sistema Cantareira, está com o nível baixíssimo. O governador do estado, Geraldo Alkmin, sugeriu usar o Rio Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro, para complementar as reservas paulistanas. E Sérgio Cabral, governador do estado do Rio, já se posicionou contra a medida.
O que estamos vendo é o inicio das disputas por água. Enquanto a necessidade pelo líquido é cada vez maior, devido ao aumento populacional, das áreas para agricultura e pecuária que também precisam aumentar, a quantidade disponível cai assustadoramente, por causa das mudanças climáticas, da poluição e de uma falta de política que combata o desperdício. Logo, começarão as disputas entre países, que podem acabar chegando às vias de fato militares.
E o seu estoque de água? Você leva isso em conta nas suas preparações? Claro que reservas de água, como garrafões de água mineral são uma solução emergencial. Mas você já sabe como vai fazer para ter um suprimento constate, caso sejamos atingidos por uma crise muito grave?
O ideal seria dispor de um refúgio próximo à uma fonte de água, como um rio ou um poço. Mas poucos tem essa sorte. Deve-se então pensar em sistemas para estocagem de água. Caixas d'água são uma alternativa. Se você mora em uma casa, pode ser uma boa investir na instalação de caixas d'água suplementares. Mas, ainda assim elas resolvem o problema temporariamente. Cisternas, como as que vemos em boa parte do Sertão Nordestino podem ser uma boa solução. Elas captam a água das chuvas que cai no telhado das casas. Claro que, antes de se consumir essa água, deve-se tratá-la. Existem inúmeros sistemas de tratamento de água, desde as cápsulas purificadoras, até filtros de carvão ativado. Deve-se pensar num sistema que consuma pouca ou nenhuma energia.
Mas, a melhor preparação é mudar o nosso relacionamento com a água. Não tem reserva que aguente banhos demorados, carros lavados e outros desperdícios. Pense que, até quando você deixa uma luz acesa sem necessidade, você está gastando água, pois a energia elétrica gerada na maior parte do Brasil vem de hidrelétricas. Desperdiçar alimentos também é uma forma de desperdiçar água. Tenha em mente que 1kg de carne de boi consome 3000l de água para ser produzido. Devemos agir de tal maneira que nosso consumo de água sempre seja o menor possível. Devemos sempre pensar que a água pode acabar a qualquer momento e portanto devemos economizar. E quando a crise chegar, será de suma importância já está acostumado à usar a água de maneira inteligente. O impacto será muito menor.

Mantenham-se preparados, sempre!

terça-feira, 18 de março de 2014

A importância dos conhecimentos práticos

Quem hoje em dia sabe consertar o próprio carro? Ou uma cadeira? Uma roupa? Um vazamento de água em casa? Provavelmente pouquíssimas pessoas. Vivemos numa era em que, seja por falta de tempo ou por comodismo, seja por consumismo ou preguiça, objetos que poderiam ser consertados são jogados fora, serviços que, com um pouco de esforço poderiam ser feitos por nós mesmos, delegamos a outras pessoas.
Mas, isso vai de encontro à mentalidade sobrevivencialista. Todo sobrevivencialista deve ter no seu rol de conhecimentos a habilidade de consertar coisas. Muitas vezes, dispositivos estão quebrados, mas voltariam a funcionar com uma gotinha de cola ou um aperto bem dado. Roupas podem ser deixadas quase como novas com um pouco de linha e agulha. Muitos reparos em coisas aparentemente complexas, como motores de automóveis, são na verdade bastante simples.
Ressalto a importância de saber consertar coisas, de entender como elas funcionam, principalmente o que é mais importante para a sobrevivência porque, se agora poderemos repor tudo com facilidade (desde que estejamos com grana para isso), em caso de crise profunda e prolongada, ter essas habilidades pode ser a diferença entre sobreviver e morrer.
Além disso, uma hora, por mais séria que seja a crise, a sociedade vai se reestruturar. E quem tiver conhecimentos práticos vai ser muito valorizado.
Portanto, é importante entender como as coisas funcionam. Na internet existem diagramas e explicações do funcionamento de tudo que é corriqueiro. Desde computadores e celulares, até uma faca de cozinha. Sabendo como a lâmina foi colada no cabo, poderemos consertá-la se por um acaso ela quebrar. Excelentes exercícios para aprimorar habilidades práticas é tentar construir vários objetos que um sobrevivencialista precisa. Existem vários vídeos sobre a arte de produzir facas e lâminas, a chamada cutelaria, que fazem grande sucesso entre sobrevivencialistas. Mas não para por aí. De cisternas à armazenamento durável para grãos, passando por fornos solares, arco e flecha, nós específicos para dar em cordas, tem muita coisa. O ideal seria dividir o aprendizado com os membros de seu grupo. Cada um aprenderia uma coisa. Mas, seja em grupo ou solitário, é importante ter habilidades práticas. O aprendizado é penoso (as pontas machucadas dos meus dedos que o digam) mas vale a pena.

Mantenham-se sempre preparados.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Gangues

As gangues são um dos maiores problemas nas grandes e pequenas cidades brasileiras. O que começa com grupos de jovens se reunindo em torno de uma causa, geralmente insignificante, pode ganhar proporções imensas. De brigas com grupos rivais ao crime organizado, as gangues tem, digamos, vários níveis de periculosidade. Um dos exemplos mais extremos de gangues são os Mara Salvatrucha, de El Salvador. Eles são perigosíssimos e tem ramificações inclusive nos EUA.
Num possível cenário de crise generalizada, as gangues certamente serão uma das organizações que mais rapidamente irão se adaptar. Para eles será até uma vantagem, pois as forças de manutenção da ordem certamente estarão desarticuladas. As gangues, pelo poder de organização, falta de escrúpulos e violência, serão o poder dominante em muitos locais. Os sobrevivencialistas devem levar em conta esse tipo de organização.
É importante sempre ressaltar a importância da discrição. Não chamar atenção para si ou para as suas preparações é fundamental. Não é exagero dizer que as paredes tem ouvidos. E boatos se espalham numa velocidade incrível. Se souberem que você tem recursos, vão fazer de tudo para tomá-los de você.
Também e importante ficar o mais distante possível das cidades. Como já foi dito em outros posts, as cidades já são o pior lugar para se estar em dias normais. Em situações de crise então, nem se fala. Nem todos os sobrevivencialistas tem condições de se isolar, ou de pelo menos ir para cidades menores. Mas essa mudança sempre deve estar na mente de todo sobrevivencialista.
Outro fator importante é reunir o máximo de pessoas que compartilhem da filosofia sobrevivencialista e formar um grupo. Durante toda a história da humanidade, quase sempre o grupo levou vantagem sobre um indivíduo isolado. Seria muito bom formar a própria "gangue". Traria inúmeras vantagens, desde a divisão de tarefas até o fator extremamente importante da companhia.

Mantenham-se sempre preparados.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Já estamos em crise

Imagine o seguinte cenário:

Uma terra aonde as forças da lei e ordem praticamente não existem. As pessoas se deparam com assaltos, assassinatos e tiroteios quase que diariamente. O sistema de saúde funciona muito mal. Muitos doentes voltam para casa sem atendimento e acabam optando por tratamentos, digamos, controversos, como beber um preparado à base de plantas medicinais, de eficiência duvidosa. Não existe um sistema de transporte eficiente e os moradores têm que andar quilômetros até ter acesso à um, e muito ruim, diga-se de passagem. Educação, quase não existe, pois falta água, e sem água, o colégio não tem como funcionar. A água nas residências é armazenadas em cisternas. Só enchem quando chove. A internet e as redes de celular passam a maior parte do tempo sem funcionar, e, quando funcionam, é de forma extremamente ineficiente. Muitas dessas pessoas nem podem se dar ao luxo de ter celular ou internet, pois nem energia tem em suas casas.
Parece um cenário pós-calamidade, como um terremoto ou enchente. Mas na verdade esse é o dia-a-dia de boa parte da população brasileira. Essas pessoas aprendem na prática o que é sobrevivencialismo. Já vivem num cenário de crise. Elas mal vão notar alguma coisa de diferente se houver uma crise generalizada.
Ter medo de sair de casa, ter que ficar o tempo todo ligado, desconfiando das pessoas paradas em sua rua, desconfiar de motoqueiros, achar qualquer carro diferente que aparece na sua rua suspeito, especialmente se este fica com alguém dentro deles durante alguns minutos, olhar para todos os cantos enquanto se está na rua, morar em verdadeiras cadeias, com inúmeras grades, cadeados, cerca elétrica. Isso não pode ser normal, não pode ser vida. Só durante uma crise é que deveríamos agir dessa maneira. Aí é onde me pergunto: Isso que estamos vivendo hoje não seria uma crise? É óbvio que não estamos numa situação totalmente caótica. Capengando, o sistema ainda funciona. Mas, até quando? A tensão sobre o sistema aumenta cada vez mais. Vejam por exemplo o nível de consumo de energia elétrica neste país e vejam como estamos numa situação perigosa. Não chove e faz calor. Com o calor, aumenta o consumo de energia, principalmente com o uso de ar-condicionado e outras maneiras de se refrescar. Ao mesmo tempo, se não chove, o nível dos reservatórios das hidrelétricas cai, fazendo com que elas gerem menos energia, exatamente quando o consumo atinge o máximo. Se esse ano está complicado, no próximo vai ser pior. Até que, vai chegar o momento em que o sistema não suporta mais e quebra.
Assim é com todos os aspectos da vida. Vejam a quantidade de crimes, em grandes e pequenas cidades. Chegamos ao ponto em que caixas eletrônicos em cidades menores são tão visados e tão assaltados, que muitas prefeituras simplesmente não querem mais esse tipo de facilidade. Mas, não é só isso. Todas, eu digo, todas as casas, desde mansões até barracos são alvo em potencial de assaltos, roubos, furtos. Está tão séria a situação que mesmo quem é considerado pobre, tem as suas poucas coisas roubadas. Não há mais local seguro. Nem os templos religiosos estão livres dos ladrões. Exatamente como seria durante uma crise generalizada.
Esse é o ponto, amigos: Já estamos em crise. Já temos que agir tomando cuidados que antigamente só se viam em locais de conflito armado. Acredito que, infelizmente, a situação ficará ainda mais complicada, até o sistema se desintegrar totalmente. E não se iludam. Mesmo com toda a preparação do mundo, basta estar no lugar errado na hora errada e tudo pode ir para o brejo. Para sobreviver não basta se preparar. Tem que ter sorte. E quando maior a crise, maior a quantidade de sorte que precisamos ter.

terça-feira, 4 de março de 2014

Alerta geomagnético

Volto a bater nessa tecla.

Nessa semana achei um artigo sobre o enfraquecimento do campo magnético terrestre (em inglês) publicado no Daily Mail Online, jornal de grande popularidade na Inglaterra. A situação parece preocupar muito alguns cientistas, a ponto de colocar o aquecimento global em segundo plano.
A verdade é que muito pouco se sabe sobre o comportamento de diversos fatores relacionados ao campo magnético terrestre. Até pouco tempo, o comportamento tanto desse campo como o das emissões solares era praticamente deixado de lado, por trazer praticamente nenhuma influência na vida da civilização humana. Tudo isso mudou nos últimos 150 anos, com o uso cada vez maior de eletricidade e equipamentos elétricos e eletrônicos, transmissões e navegação via satélite. Eventos como o que ocorreu em Quebec, em 1989, em que uma tempestade solar destruiu redes elétricas e deixou a cidade sem energia por 9h deram o alerta sobre a vulnerabilidade de quanto a tecnologia é vulnerável à eventos espaciais.
Em 1989, não éramos nem de longe tão dependentes de dispositivos eletrônicos como hoje. A internet ainda dava os seus primeiros passos rumo à popularização, os celulares ainda eram pouco usados, e estavam longe da capacidade dos atuais smartphones. Mesmo os computadores, embora relativamente populares nos países desenvolvidos, ainda não eram tão importantes para as pessoas como hoje. O GPS ainda não estava totalmente operacional e seu uso era militar. Os aviões comerciais mais avançados da época usavam eletrônica embarcada, mas era algo bem mais rústico e muito menos essencial ao voo do que nos aviões modernos.
Se um evento como o de 1989 se repetisse hoje, os efeitos, embora não catastróficos, seriam muito mais visíveis. A interferência nos sistemas eletrônicos dos aviões em voo e nos sistemas de GPS seria bem intensa por algumas horas. A falta de energia em Quebec certamente desabilitaria muitos links de dados, servidores de internet, trazendo um maior prejuízo financeiro do que na época. Só que nos últimos 25 anos, houve um enfraquecimento linear do campo magnético terrestre da ordem de 1,5 a 2%. Enfraquecimento linear significa que nos últimos 150 a 200 anos, o referido campo enfraqueceu de 10 a 15% de forma constante. Só que os dados disponíveis são insuficientes para saber se tal enfraquecimento é realmente constante, ou se é exponencial, ou seja, se a velocidade do enfraquecimento vem aumentando com o tempo. Desde 1989 não tivemos tempestades solares muito fortes direcionadas para o planeta, por muita sorte. É possível que uma tempestade solar da mesma intensidade da que atingiu Quebec fosse mais devastadora hoje não só pela maior presença de eletrônica, mas também pela menor força do campo eletromagnético da Terra.
Um outro aspecto pouquíssimo comentado, principalmente porque os estudos feitos sobre a interação do campo magnético terrestre com o espaço são na sua maioria voltados para o Hemisfério Norte. As tempestades magnéticas também podem nos atingir aqui no Hemisfério Sul. Embora a civilização esteja mais distante do Polo Sul, por causa de vários fatores geográficos, nada impede que uma tempestade realmente forte nos afete aqui também. E há outro fator, que torna áreas do Brasil teoricamente mais vulneráveis à tempestades solares. Trata-se da Anomalia Magnética do Atlântico Sul, que é um "mergulho" ou "buraco" no campo magnético terrestre, onde os índices de radiação são bem maiores. Naves e satélites em órbita que passam por essa região, devem receber reforço nas suas proteções contra radiação. O antigo telescópio espacial Hubble tinha que parar as suas operações enquanto orbitava essa região. Soma-se a essa anomalia, o enfraquecimento do campo magnético da Terra e veremos que o nosso país parece ser muito mais vulnerável à tempestades solares do que o divulgado pela imprensa.
É claro que eventos como tempestades solares muito fortes são relativamente raros, e que este máximo solar está atipicamente fraco, porém longo. É preciso uma combinação de fatores para que a tempestade solar nos traga problemas. Ela tem que estar direcionada para a Terra, precisa ter uma grande velocidade e sua polaridade deve ser inversa a do campo magnético, ou seja, Sul. Mas, eventos como o de Quebec, e principalmente o de 1859, conhecido como Evento Carrington, que se acontecesse hoje, seria extremamente devastador, é um aviso de que a qualquer momento o Sol pode nos trazer surpresas. E com nossa blindagem magnética cada vez mais fraca, mesmo eventos antes considerados de menor magnitude podem nos trazer problemas.

Devemos nos manter sempre preparados.