segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Sobre Água, Presente E Futuro



Um dos temas mais recorrentes nesse blog diz respeito à água. Em 2014, a região Sudeste esteve muito perto de um colapso hídrico. No Nordeste, esta é a nossa realidade. Muitas das principais cidades continuam à beira de um total colapso no abastecimento de água.
Ontem, foi divulgado na imprensa mundial um alerta da ONU sobre a escassez de água potável no planeta. Durante a Cúpula Mundial da Água, que está sendo realizada em Budapeste, Hungria, o presidente da Assembléia Geral da ONU, Peter Thomson disse o seguinte:

"O mundo avança por um caminho que segue em direção ao insustentável".

A falta de água potável já afeta cerca de 40% da população mundial, devido à fatores como mudança climática, poluição e aumento populacional.
Ou seja, a situação se torna cada vez mais grave!
Mas, semana passada, me deparei com um evento numa rede social que me deixou atônito! Numa cidade que está prestes a entrar em colapso hídrico, algumas pessoas estavam sugerindo uma "guerra de bexigas de água" em um parque aqui de Campina Grande. Propor um evento desses é absurdo. Mas, mais absurdo ainda é o conjunto de mensagens de várias pessoas DEFENDENDO o evento! Tolices como "sou eu que pago a conta de água da minha casa", ou "não vão ser uma ou duas bexigas de água que acabarão com a água da cidade", ou ainda, "se o manancial secar, vão dar um jeito, pois sempre dão" foram usadas com justificativa.
Desde episódio, podemos extrair algumas lições:

As pessoas comuns não tem nenhuma noção da gravidade de uma crise hídrica (na verdade, de qualquer crise).
Elas vivem num universo paralelo, em que as soluções aparecem magicamente.
Uma pressão popular para exigir providências do poder público para, ao menos, traçar estratégias emergenciais para o abastecimento de instituições críticas ao funcionamento da cidade, se torna bastante difícil, pois boa parte das pessoas ignoram o óbvio, ou ficam à espera de um "milagre".

O cenário é extremamente preocupante. Se a maior parte de uma população não tem a consciência de que uma crise pode estar prestes a acontecer, ela não vai estar preparada e não vai sentir-se na obrigação de tomar medidas para evitar problemas. Então, os poucos que se preparam não tem porque se sentir otimistas.
Como citado no alerta da ONU divulgado acima. estamos rumando rapidamente em direção ao colapso, e não só hídrico. Porque a maioria acha que futuros distópicos jamais se transformarão em presente real. Mas é isto que estamos vivendo. Já vemos disputas por água se espalhando. Já vemos pessoas morrendo de sede aqui mesmo no Brasil. Vemos que as mudanças climáticas estão realmente acontecendo. O clima está deixando de seguir modelos historicamente estabelecidos e o que vem por aí é um mistério total.

Diante de tudo isso, percebo que o sobrevivencialista não tem só que se preparar para crises. Ele também tem que dar a sua contribuição social no sentido de tentar alertar o maior número de pessoas sobre o que está acontecendo.Qualquer pessoa que, por nossa causa, perceba que o mundo está mudando pode ser considerada uma vitória.

Links:

Alerta da ONU

Evento dos Balões de Água...

Mudanças Climáticas Afetam o Nordeste

Brasileiros Sem Água


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Sobre Fragilidade

A cidade onde moro, Campina Grande, está em vias de ficar sem abastecimento de água, como descrevi neste artigo. Mas não é sobre isso que quero falar.
Na última segunda-feira, esta cidade, e outras 70 da região, ficaram cerca de 4 horas sem energia elétrica, durante a manhã. Por sorte, muitas repartições públicas, escolas e outros serviços não abriram suas portas por causa do ponto facultativo decretado por causa do feriado de 15 de Novembro. Mas, mesmo assim, os transtornos foram imensos. O abastecimento de água foi interrompido (piorando ainda mais a já precária situação hídrica da cidade), o trânsito ficou bastante complicado, por causa do desligamento dos semáforos, a internet caiu na cidade toda, vários comerciantes relataram prejuízos, por causa de vendas não concretizadas e aparelhos eletrônicos queimados, centenas de pessoas ficaram presas em elevadores de prédios, entre outros problemas. A situação só se normalizou totalmente no final do dia.
A causa do problema foi um curto-circuito na subestação de energia que atende toda a região atingida. Mas, o motivo pelo qual aconteceu este curto-circuito é que é preocupante:

Falta de manutenção preventiva.

Semáforo apagado durante blecaute.

A companhia estatal responsável pela distribuição de energia elétrica na região alega que os investimentos para a manutenção caíram cerca de 30%, em relação ao mesmo período do ano passado. E alerta que este tipo de ocorrência pode se repetir, pois além da falta de manutenção, há fatores como o aumento de consumo durante o verão e a severa seca, que tem afetado a geração de energia por hidrelétricas na região Nordeste.
O que é assustador é que sabemos (e sentimos no bolso) que estamos atravessando um período de grave crise financeira e é impossível não pensar que problemas como os causados pela falha de manutenção na rede elétrica que abastece Campina Grande possam acontecer em outras redes, inclusive nas que abastecem as cidades mais importantes do país. É impossível não pensar também que este tipo de coisa possa acontecer com outros sistemas, como por exemplo, o de telefonia. Uma das principais operadoras de telefonia do país está em processo de recuperação judicial e existe uma real possibilidade de falência.
A dura verdade é que a cada dia que passa, novos fatores surgem com potencial para desestabilizar o nosso modo de vida. A conjunção de fatores como as mudanças climáticas, a crise econômica, a falta de medidas preventivas em todos os setores da sociedade entre outros, podem vir a nos causar danos dos quais demoraremos muito tempo para nos recuperarmos.

Geralmente nós, sobrevivencialistas, pensamos da seguinte maneira:

Preparar-se para o pior, mas esperando pelo melhor.

Mas eu me pergunto se, diante do panorama que vai se descortinando à nossa frente, se dá para esperar o melhor...

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Sobre Crises e Veículos de Fuga

A maioria dos sobrevivencialistas (e também de pessoas comuns) pensam em um veículo parecido com este para situações difíceis.


Embora não seja lá muito bonito, tem motor potente e tração nas quatro rodas, é preparado para terrenos diversos, tem espaço para pelo menos 5 pessoas e mais um bocado de bagagem.
Mas, suponhamos que você tem um desses, um refúgio em uma área afastada e mora na cidade. Aí, acontece uma situação de crise e o trânsito se transforma num verdadeiro caos. Então, de nada vai adiantar ter um desses, se as ruas estão engarrafadas. Ele pode parecer grande e forte, mas certamente não tem a capacidade de passar por cima de carros e caminhões parados.
Então, vem à mente outro veículo:


Interessante! Uma moto, embora leve no máximo duas pessoas e pouca bagagem, é pequena e ágil o suficiente para escapar do trânsito. Pilotando entre os corredores de carros, você não teria muita dificuldade em superar os engarrafamentos. Será mesmo? Quando o trânsito para por algum tempo, os motoristas, inquietos, começam a descer de seus carros. Numa situação de crise, poderiam acontecer acidentes que acabariam interditando totalmente várias vias. Sem falar que, numa moto, você estaria bem mais exposto à agressões e tentativas de assalto, E a situação seria até pior se você resolvesse usar uma bicicleta. Sozinho, dependendo da sua própria força física, e bem lento, seria presa fácil para quaisquer malfeitores.
Talvez a maneira mais eficiente de fugir de uma cidade em crise seja um helicóptero. Mas isso não cabe na maioria absoluta dos orçamentos sobrevivencialistas. :D

O que quero dizer com tudo isso é que o melhor veículo de fuga é... a informação!
Perceber que uma crise pode estar prestes a se desenrolar em sua cidade faz com que você não precise de um super veículo de fuga. O seu carro, a sua moto, a sua bicicleta são ótimas maneiras de se sair da cidade se você sair na hora certa. Acredito que um outro fator que influencia no sucesso de uma fuga da cidade está relacionado ao local onde se mora. É mais provável conseguir sair de uma cidade pequena que de uma grande. É mais provável que os moradores dos subúrbios nas cidades grandes tenham menos dificuldades de sair do que aqueles que moram em áreas centrais.
Agora, claro que existem situações de crise que acontecem sem aviso. Nesses casos, talvez seja melhor não tentar sair da cidade, pelo menos num primeiro momento. Se você está preparado para sair, também deve estar preparado para ficar. Dependendo do tipo e duração da crise, ficar em casa esperando a poeira baixar pode ser a melhor solução. Mas, se não resta outra opção a não ser sair, use seu veículo de fuga. Mas tenha em mente que ele pode se tornar inútil em muito pouco tempo e você vai ter que andar... e muito.
Mas, continuo a achar que, quem tem o sobrevivencialismo como filosofia de vida deve procurar viver fora das cidades. Ou ao menos em cidades menores.

Boa noite a todos!